Projeto sobre produção de hidrogênio verde ganha destaque em Programa de Inovação

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Empresas e produtores agrícolas estão entre os alvos do projeto

Um projeto coordenado pelos professores Eliana Midori e Alberto Wisniewski, ambos do Departamento de Química da Universidade Federal de Sergipe (UFS), foi selecionado pelo Programa de Inovação em Hidrogênio Verde (iH2Brasil) na categoria Instituições Sem Fins Lucrativos. O programa é uma realização da Aliança Brasil-Alemanha de Hidrogênio Verde, com o apoio do projeto H2Brasil, integrando também a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável. A iniciativa foi implementada pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH e pelo Ministério de Minas e Energia, tendo o apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha.

Com o tema ‘Desenvolvimento de eletrodos carbonáceos eficientes e sustentáveis empregando biocarvão de biomassas residuais para aplicação em processos de eletrólise da água para produção de hidrogênio verde utilizando energia solar como fonte energética’, o projeto está sob a coordenação da professora Eliana Midori, que afirma que a energia é uma fonte que permitiu o desenvolvimento mais rápido e estável da economia mundial.

“Entretanto, o elevado consumo de combustíveis fósseis agravou problemas como a poluição ambiental, a produção de gases de efeito estufa e o aquecimento global. Frente a todas essas questões, cientistas, governos e diversos membros da sociedade propõem o uso de energia renovável. Porém, a geração de energia usando fontes renováveis, como eólica, hídrica e solar é limitada pelas condições naturais, não atendendo assim à demanda atual de energia”, pontua a professora.

Eliana Midori, do Departamento de Química da UFS, é uma das principais responsáveis pelo projeto. Foto: Schirlene Reis (Ascom/UFS).
Eliana Midori, do Departamento de Química da UFS, é uma das principais responsáveis pelo projeto. Foto: Schirlene Reis (Ascom/UFS).

Desenvolvimento

“Em comparação com os combustíveis fósseis convencionais, o hidrogênio atraiu atenção significativa por suas características exclusivas, como alta velocidade de propagação da chama, alto valor de aquecimento da combustão e zero emissões de carbono. O desenvolvimento da tecnologia de energia verde nos últimos anos e o crescente interesse pela proteção ambiental, as biomassas obtidas de fontes renováveis também têm atraído grande atenção. O Plano de Ação de Biomassa e o Plano Plurianual, formulados pela Comissão Europeia e pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos, respectivamente, enfatizam a importância econômica e política da biomassa”, ressalta a coordenadora do projeto, que conta também com a participação dos professores Tarso Vilela e George Xavier, do Departamento de Engenharia Elétrica da UFS, além de três alunos da pós-graduação, um de pós-doutorado e dois da graduação.

Ela explica que uma fonte de biomassa tem ganhado visibilidade e se mostrado muito acessível. “São as plantas aquáticas, resíduos de frutas e esterco bovino, materiais de grande disponibilidade no estado de Sergipe. A espécie Eichhornia crassipes, conhecida popularmente como aguapé ou ‘jacinto de água’, tem atraído a atenção de pesquisadores para a produção de biocombustíveis renováveis. Essas plantas são consideradas invasoras ou ervas daninhas de lagos e rios devido à sua reprodução natural indesejada em uma escala exponencial, fazendo com que os nutrientes do meio sejam reduzidos, comprometendo a sobrevivência de muitos organismos aquáticos. Assim, o biocarvão de origem de plantas ou esterco bovino, pode ser utilizado para produzir um dispositivo que utiliza materiais que agreguem alto desempenho e baixo custo, com o aproveitamento de recursos vegetais abundantes do Estado de Sergipe”, ressalta Midori.

Grupo que integra o Projeto Hidrogênio Verde (Foto: Arquivo Pessoal)
Grupo que integra o Projeto Hidrogênio Verde (Foto: Arquivo Pessoal)

Alternativa

A professora enfatiza que entre os principais objetivos do projeto selecionado estão a utilização da biomassa abundante em Sergipe como material para o desenvolvimento de eletrodos modificados baseados em biocarvão, a utilização de biocarvão como catalisador em reações de obtenção eletroquímica de hidrogênio como alternativa de combustível renovável, o desenvolvimento de um sistema para obtenção de hidrogênio utilizando energia solar e a formação de competências locais para atuar na capacitação e formação de profissionais necessários aos diferentes segmentos institucionais relacionados ao tema.

“O público-alvo do produto tecnológico são as empresas e instituições que desejem utilizar hidrogênio como fonte de energia e produtores agrícolas que almejem reutilizar esses recursos vegetais abundantes, que geralmente são descartados. Como a fonte de energia baseada em hidrogênio está sendo almejada para substituir outras fontes que são poluentes e pouco efetivas, diversos setores de empresas serão beneficiados com o produto gerado, desde o setor automobilístico até as usinas elétricas”, comenta Eliana.

De acordo com a pesquisadora, os produtos que serão desenvolvidos e o sistema de produção de hidrogênio por meio da energia solar poderão figurar como uma tecnologia para a redução dos impactos ambientais e obtenção de energia limpa. “Isso implica uma aplicabilidade com extensão bastante vasta, dadas todas as problemáticas ambientais e sociais. O conhecimento gerado poderá ser aplicado em indústrias e no meio científico. O conceito não se restringe ao setor elétrico do ponto de vista do ‘setor econômico’. Do ponto de vista da ‘classe de consumo’, apesar de ser originalmente concebido para aplicação na geração e transmissão de energia, o sistema pode ser aplicado no parque industrial de maneira mais ampla”, complementa. O projeto tem duração de 12 meses e tem previsão de ser finalizado em dezembro de 2023.

Fonte: Portal UFS

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