Certificado de hidrogênio de baixo carbono é lançado no Brasil

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Modelo mais completo deve sair no segundo semestre de 2023

O Brasil já conta com uma certificação de hidrogênio de baixo carbono. O lançamento foi promovido pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) em dezembro, por meio de cerimônia virtual. O documento, já disponível, atesta a origem de produção do hidrogênio a partir de fontes de baixa emissão de carbono. O objetivo é atender a crescente demanda de projetos piloto para fabricação do hidrogênio no Brasil e reforçar a confiança dos investidores.

Este é o primeiro passo para uma certificação que, elaborada no âmbito do Cigre, busca ser referência mundial para o mercado de hidrogênio. A meta do grupo de trabalho que estuda o tema é, ao final de 2023, já apresentar uma proposta de requisitos para certificar hidrogênio de baixo carbono no mundo.

“Queremos colaborar para harmonizar e prover uma referência que possa ser adotada pelos principais compradores, facilitando a certificação dos produtos”, diz Ricardo Gedra, gerente de análise e informações ao mercado da CCEE, que coordena o grupo de trabalho sobre certificação de hidrogênio do Cigre. Hoje em dia, há alguns certificados de hidrogênio criados por empresas particulares pelo mundo, mas a ideia é que o Cigre, presente em 90 países, tenha condições de oferecer um produto que sirva como modelo.

Criado em agosto de 2022, o grupo do Cigre é formado por especialistas de diversos países que estão pesquisando normas e padrões já existentes – mesmo que de outros elementos – para uma espécie de benchmarking e consolidação dos requerimentos do hidrogênio de baixo carbono. O plano de trabalho do grupo é de dois anos e a próxima reunião ocorrerá em janeiro de 2023.

Dolf Gielen, líder das atividades de hidrogênio no Banco Mundial, participou do evento de lançamento do certificado e falou sobre a longa jornada de descarbonização que todos os países têm pela frente. Gielen também comentou sobre a importância da rastreabilidade, no caso dos certificados. Nesta primeira fase, o certificado será em documento PDF, mas deverá evoluir para um token em block chain, o que permitirá o rastreamento.

Segundo o Banco Mundial, a produção de hidrogênio é de 100 milhões de toneladas por ano no mundo e apenas 1% deste montante é oriundo de hidrogênio verde. A maioria maciça (98%) vem de combustíveis fósseis, lembrando que a molécula de hidrogênio apresenta-se na natureza com oxigênio, formando a água, ou com hidrocarbonetos.

Como solicitar – As empresas interessadas em obter a certificação de hidrogênio de baixo carbono da CCEE devem acessar o site da instituição (https://www.ccee.org.br/web/guest/certificacao_de_energia) e preencher um formulário. O prazo para emissão é de cerca de dez dias.

O documento possui duas classificações: uma para o insumo 100% renovável (energia eólica, solar ou hidrelétricas), e outra para aqueles parcialmente renováveis, que contam com o complemento de usinas termelétricas, por exemplo.

A primeira etapa da CCEE prevê a emissão gratuita do certificado e se restringirá à eletrólise para, no futuro, abranger rotas de produção que envolvem biogás e biomassa, além de hidrogênios azul e turquesa. As emissões da primeira versão serão vinculadas ao consumo de energia (GHG protocol), enquanto no futuro será o escopo 1 do GHG protocol.

Além de contribuir para o desenvolvimento do mercado de hidrogênio e a transparência sobre a origem do produto , a CCEE lista como benefícios da versão inicial da certificação de hidrogênio:
 

  • agrega valor ao produto pois possibilita a distinção do teor de carbono do hidrogênio comercializado;
  • possibilita novos modelos de negócio, de baixo carbono, em outros setores como fertilizantes, aço, cimentícia, transporte, entre outros.

Autora: Katia Ogawa

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