Na área de mobilidade, hidrogênio verde já demonstra viabilidade comercial

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Mobilidade e o Hidrogênio Verde – No início dos anos de 1900, o cenário macroeconômico apontou o rumo que a indústria automobilística seguiria sem grandes mudanças pelos próximos 100 anos. O motor a combustão interna parecia garantir um futuro promissor de mobilidade, contava com a disponibilidade de petróleo e chegava a uma grande parcela da população com o projeto de Henry Ford. 

No decorrer do novo milênio, com a evidência científica cada vez mais clara sobre o impacto das emissões de gases de efeito estufa desses motores no clima do planeta, a indústria precisou ajustar sua rota. O trajeto delineado desde então conta com o hidrogênio verde para eliminar essa fonte de poluição.

“A nova tendência macroeconômica focada nas mudanças climáticas percebeu que o caminho agora é pelo hidrogênio. Ele se associa com a água, existe sem ter que tirar recurso da natureza, como o petróleo, não é poluente e já é uma tecnologia conhecida há pelo menos 30 anos”, afirma em entrevista ao portal Hidrogênio Verde, Camilo Adas, presidente da SAE Brasil, afiliada de uma associação fundada nos Estados Unidos focada na criação de normas e padrões nos setores automotivo e aeroespacial e que, no Brasil, promove e dissemina tecnologia e o progresso da mobilidade.

Nessa área, o hidrogênio verde é visto como uma das soluções mais nobres justamente por oferecer soluções diversas e descentralizadas. A eletrólise, por exemplo, pode ser uma opção onde a água é abundante, combinada com energia eólica ou solar. No Brasil, comenta Adas, há ainda uma via muito promissora: a do etanol. “A mobilidade vai usar essa energia de formas diferentes em função das aplicações. Um carro a hidrogênio pode ter a fonte de geração diferente de a de um caminhão” adiciona.

mobilidade elétrica

Na indústria automobilística, montadoras têm aumentado os investimentos em versões elétricas movidas a hidrogênio ( Shutterstock)

No Brasil, o avanço do setor depende também de mudanças no campo. Muito do que hoje é tratado como resíduo, como bagaço de cana-de-açúcar, tem potencial para virar fonte de energia. Essa biomassa poderia ser convertida em hidrogênio em pequenas usinas bem distribuídas por meio de reformadores que cabem num contêiner. A tecnologia, inclusive, é dominada no país pela Hytron, startup que nasceu na Unicamp, Universidade Estadual Paulista.

Na indústria automobilística, montadoras como a Nissan e Volkswagen têm aumentado os investimento no desenvolvimento de versões elétricas movidas a hidrogênio. Em 2019, a montadora japonesa apresentou em Tóquio o projeto de carro que usa o etanol extraído de cana para gerar o hidrogênio da célula de combustível. O projeto é resultado de pesquisas feitas em parceria entre universidades brasileiras e engenheiros da empresa no Brasil, Estados Unidos, China e Japão.

Em abril último, a fabricante de caminhões Iveco, a fabricante de veículos Nikola e a operadora de rede de gás alemã OGE assinaram um acordo para apoiar a distribuição de hidrogênio para reabastecimento de veículos elétricos a célula de combustível. Nikola e Iveco trabalham para construir um protótipo de caminhão pesado com bateria elétrica a hidrogênio, com início de produção planejada para fim de 2023. Para que seja viável, por outro lado, uma rede de estações de abastecimento de hidrogênio precisa ser estruturada.

Como grande produtor de etanol, o Brasil pouparia os custos de criação de uma rede semelhante. Com uma cadeia de distruibuição ampla já instalada desse biocombustível, os mais de 42 mil postos não precisariam de qualquer adaptação, destacam especialistas.

No mundo todo, a produção de hidrogênio ainda se dá por fontes fósseis, como mostram os dados da Agência Internacional de Energia (IEA). Das 70 milhões de toneladas geradas por ano, 76% vêm do gás natural e 23%, do carvão mineral, o chamado hidrogênio cinza. Essa fonte também é a origem do chamado hidrogênio azul – a diferença é que o carbono gerado no processo é capturado para neutralizar as emissões.

Com aquecimento global, causada pelo aumento da concentração dos gases de efeito estufa emitidos pela queima de combustíveis fósseis, a mudança rápida para uma matriz mais limpa é urgente, e o hidrogênio verde, obtido por meio de fontes renováveis, tem um papel crucial.

Gostou de saber mais a respeito da mobilidade com o hidrogênio verde? Saiba quais são os principais projetos sobre hidrogênio verde realizados e em andamento no Brasil e no mundo, acesse: https://www.h2verdebrasil.com.br/projetos/

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