Por que o Ceará pode se tornar a capital do hidrogênio verde

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Por: Nádia Pontes

Na costa do Ceará, o maior Hub de hidrogênio verde (H2) começa a ganhar forma. A 60 quilômetros da capital Fortaleza, o espaço que vai concentrar diversas empresas ligadas à produção dessa fonte limpa de energia deve se tornar uma porta de saída estratégica rumo ao mercado internacional.

Localizado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, o Hub terá conexão direta com o Porto de Roterdã, na Holanda, o maior da Europa, com lucro líquido de 351,7 milhões de euros em 2020 (cerca de 2,1 bilhões de reais).

Durante workshop sobre o tema organizado pelo BW Expo Summit Digital, na última quarta-feira, 02 de junho, Duna Gondim Uribe, diretora executiva comercial no Porto de Pecém, falou sobre o grande potencial que este mercado abre. “O Porto de Roterdã não é apenas um acionista de Pecém. Ele traz a grande missão e ambição de se tornar um porto que recebe o hidrogênio verde”, explicou.

A expectativa, adicionou Uribe, é que o H2 produzido em solo brasileiro seja consumido não apenas nas operações de Roterdã, mas em toda a Europa. “Já se sabe que os europeus precisão importar hidrogênio verde. Essa parceria com Pecém traz esse corredor logístico”, detalhou.

Segundo o plano diretor do complexo cearense, a área de dois quilômetros quadrados destinada ao Hub terá capacidade de produzir cerca de um milhão de toneladas de H2 por ano. Parte dessa produção deve suprir a demanda de grandes empresas instaladas em Pecém, como cimenteiras e siderúrgicas, em sua transição energética, destacou a diretora comercial. 

Com operações iniciadas em 2002, o complexo cearense reúne mais de 30 empresas, incluindo as que fazem parte do setor eólico. Dentre as cargas embarcadas, ferro fundido, sal, produtos da indústria de moagem, frutas, minérios, cereais e alumínio são as que mais movimentam o porto.  

Não é por acaso que o Ceará se organiza para atrair investimentos em H2. O estado, onde o primeiro grande parque eólico comercial foi ligado ao sistema elétrico nacional, é um grande produtor dessa fonte de energia renovável, além da solar. Estima-se que só o potencial fotovoltaico cearense, avaliado em 643 gigawatts (GW), seria suficiente para suprir mais que o dobro da demanda por eletricidade do Brasil.

A energia produzida pelo sol e pelo vento são fundamentais para abastecer os eletrolisadores e faz com que o país tenha boa competitividade. “O Brasil tem uma posição única e muito forte com condições climáticas muito favoráveis, tanto de energia solar e eólica. E já tem longa tradição de cooperação com a Alemanha”, reforçou Ansgar Pinkowinki, gerente de Inovação e Sustentabilidade da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro, AHK Rio, sobre oportunidades de o Brasil se tornar grande exportador durante o lançamento do portal H2, no fim de maio.

Próximo a Pecem, a Universidade Federal do Ceará, UFC, é uma das potenciais parceiras para pesquisa e desenvolvimento. “Temos nossos mestres e doutores para apoiar os estudos que serão feitos no Hub”, afirmou Fernando Nunes, presidente do Parque Tecnológico da UFC, adicionando que os 249 laboratórios estariam à disposição para realização dos testes necessários.

Além do papel fundamental para descarbonizar a economia mundial, o Hub de hidrogênio verde dará uma significativa contribuição para o desenvolvimento sustentável local. “Queremos também garantir que todo conhecimento gerado será internalizado”, adicionou Nunes. 

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